Raquel Vicente Sant’Anna Bueno é uma referência nacional do Mountain Bike Recreativo e do estilo de vida inerente ao ciclismo.
A assistente judiciária do Tribunal de Justiça de São Paulo encontra tempo e ânimo para não desgrudar de sua bike, dos caminhos e dos encontros que ela proporciona. De Cajuru – SP, ela posta suas publicações pelas mídias sociais sempre com tom positivo, sempre distribuindo sorrisos por fazer o que lhe apraz, o que lhe recompensa e anima. Tem, por conta da credibilidade e carisma, mais de 43 mil seguidores, o que faz dela, sem nenhuma dúvida, uma importante presença feminina que faz toda a diferença, dentro e fora das trilhas. O ciclismo agradece!
Therbio – Raquel, por favor, nos conte como você iniciou seu relacionamento apaixonante com a bicicleta? Quais foram as primeiras experiências que você teve com a magrela?
Raquel: Eu buscava algum hobby para os finais de semana e, há cinco anos, resolvi comprar minha primeira bicicleta. Aqui em Cajuru já havia, basicamente, dois grupos de pedal: dos meninos que participavam de campeonatos e daqueles que pedalavam para curtir os finais de semana. Nos primeiros meses, eu pedalava sozinha na cidade como forma de me acostumar com a bicicleta, até que, em outubro do mesmo ano, um amigo personal trainer me convidou para ir com ele e uma aluna, hoje minha amiga, pedalar na trilha.
Lembro-me que eram às sextas-feiras, e durante uma hora pedalávamos 13 ou 14km e, a partir daí, foi nascendo um amor pela bicicleta para a vida toda. Alguns meses depois, adquiri auto-confiança e comecei a rodar com o grupo de pedal do sábado a tarde para curtir as cachoeiras e trilhas da região. Desta época, me lembro de um pedal marcante que atravessamos um rio carregando as bikes nas costas para atingir a outra margem e pedalar até as divisas de outras cidades, pelo simples fato de pedalar.
Com o decorrer do tempo, o mountain bike foi se fortalecendo em nossa cidade e resolvemos criar o grupo de pedal aos sábados de manhã, mais mulheres e homens aderiram ao uso da bicicleta e vieram novas amizades, novos caminhos e uma nova maneira de viver. Naquela época nos divertíamos muito, todas as rotas eram novidade, pois, assim como eu, a maioria dos ciclistas tinha aderido às trilhas recentemente. Por volta de 2014, parti para as corridas de MTB e finalizei o campeonato “A Liga” como campeã da minha categoria, o que significa muito mais que uma vitória, mas um desafio superado.
Therbio – O que te estimulou a praticar o Mountain Bike? Como você poderia descrever que sensações o Mountain Bike lhe proporciona?
Raquel: O que me estimulou à prática do MTB, além de conquistar novos amigos, conhecer novos lugares, novas paisagens, curtir a natureza, foi, especialmente, a sensação de liberdade associada à sensação de superação que a bicicleta nos proporciona.
Dizer que a prática do MTB é só alegria e felicidade seria uma utopia, pois há um sofrimento envolvido, já temos que lidar com as intempéries da natureza, com os limites do corpo e da mente, mas o prazer que proporciona é indescritível. Há um risco e um prazer envolvidos e eu penso que isso me faz não desistir.
Therbio – Como é conciliar a vida profissional, uma linda família e as pedaladas?
Raquel: Eu pedalo quatro vezes na semana, no mínimo, e o equilíbrio se faz necessário para conciliar tais atividades com minha vida pessoal, minha vida profissional e as pedaladas.
Therbio – Em sua mídia social você promove a escolha pelo MTB recreativo, como por exemplo o de Cássia dos Coqueiros, de junho de 2017, organizado pelos nossos companheiros do Bikers Rio Pardo. Este tipo de evento envolve um pouco de aventura, trechos de natureza exuberante, integração social e novas amizades. Como você percebe a participação feminina neste tipo de integração com a bike na sua região? O que, em sua visão, poderia ser feito para ampliar a presença feminina nestas circunstâncias?
Raquel: Em minha região muitas mulheres já aderiram ao mountain bike recreativo, mas a presença masculina ainda é muito significativa nos eventos de cicloturismo. Apesar de nós, adeptas ao MTB, sermos apreciadas por outras mulheres não praticantes do esporte, eu percebo que muitas têm medo de encarar a trilha, e outras têm vergonha.
Nestes eventos, uma sugestão seria montar um pedal misto e outro, especialmente feito para as mulheres, já que muitas esposas poderiam acompanhar os maridos e curtirem um pedal mais recreativo, inclusive com os filhos. Tenho ótimas lembranças da época em que promovíamos, no mês de março, o pedal em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, a presença feminina era em massa e, até hoje, algumas ciclistas me mandam mensagem sugerindo o pedal feminino.
Therbio – Pedalar em família: nos conte a sua experiência, por favor.
Raquel: Pedalar em família fortalece o vínculo afetivo, é o momento em que as preocupações são deixadas de lado e entra em cena a diversão.
Therbio – Cajuru e região têm se tornado, a cada dia, uma excelente opção para o MTB recreativo. Que lugares você destacaria que pudessem reunir uma excelente pedalada, encontro com a cultura local e paisagens exuberantes?
Raquel: Cajuru é uma região rica em belezas naturais, abriga muitos rios, cachoeiras, cascatas, grutas exóticas, além de diversas trilhas excelentes à prática de esportes radicais e, em especial, à prática do mountain bike. Confesso que sou muito feliz por morar aqui, principalmente, pelo fato de poder desfrutar tais belezas a bordo da minha bicicleta.
Destaco, entre outras, as trilhas para a Serra de Campo, lugar mágico; a Cachoeira dos Macacos, na minha opinião a mais linda da região, localizada na mata da Graciosa e, ainda, as grutas do Feitosa e Nego Moraes. A primeira se trata de um lugar de livre acesso, e a segunda fica localizada em propriedade particular e somente é permitido o acesso com autorização dos proprietários.
Therbio – Você é reconhecida por inúmeras companheiras de pedalada como uma das grandes referências da paixão feminina pela bicicleta no Brasil. Suas postagens nas mídias sociais alcançam mais de 43.500 seguidores, no país e exterior. Qual o prazer e o compromisso que decorrem desta distinção?
Raquel: Sinto muito prazer em saber que milhares de pessoas se inspiram no meu estilo de vida saudável, nas fotos, frases e nos pedais. E, por toda esta admiração tenho o compromisso em ser verdadeira nas minhas postagens, nos comentários que faço e, inclusive, nas indicações de produtos que utilizo na prática do esporte.
Eu prezo muito este compromisso, pois muitos dos meus conhecidos virtuais acabam se tornando meus amigos pessoais, tenho exemplo de vários ciclistas que eram meus conhecidos por mídia social e acabaram virando amigos pessoais, seja por virem até Cajuru para pedalar com o nosso grupo, seja por nos encontrarmos em eventos de ciclismo.
Therbio – Qual o legado que você e outras mulheres ciclistas estão deixando para as filhas e para as gerações futuras?
Raquel: Nosso legado para nossas filhas é influenciar de forma positiva à prática de um esporte que elas se identifiquem e que sejam felizes.
Somos mulheres, temos nossas obrigações fora e dentro de casa, mas somos fortes e guerreiras e, por esta razão, podemos enfrentar os desafios, encontrando algo que nos transforme em pessoas melhores e mais felizes.
Therbio – Raquel, por favor, deixe aqui sua mensagem para nossas leitoras tão apaixonadas pela bike quanto você.
Raquel: Minha mensagem para as mulheres é que, por mais que as coisas pareçam difíceis, insista, persista e não desista, pois, a bicicleta nos traz força, autoconfiança, fortalece nossa autoestima e nos deixa mais felizes.
E eu desejo que cada uma delas encontre o estilo de pedalar que a faça feliz, seja nas trilhas, no ciclismo de estrada ou para locomoção, pois quando descobrimos aquilo que nos faz bem, que nos completa, que nos motiva, ficamos fascinadas pelas incríveis mudanças que ocorrem em nossas vidas e podemos nos atirar sem medo naquilo que nos faz bem, pois não há limites, a não ser aqueles que você estabelece a si mesma.
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