Gideoni Monteiro é o único brasileiro no ciclismo de pista. Brasil não conquistava vaga na prova há 24 anos. Em 2012, sobreviveu depois de ser atingido por um caminhão
Fazia muito calor naquela manhã ensolarada de terça-feira em outubro de 2012. O ciclista Gideoni Monteiro, da equipe Ribeirão Preto/Botafogo, pedalava pela Rodovia Abraão Assed, a 317 quilômetros de São Paulo. Era um treino de rotina para participar da Volta Ciclística de SP. Ele estava no sprint, quando olhou para frente, deu de cara com um caminhão. Só deu tempo de colocar o braço no rosto para tentar se proteger. Com o impacto, a bicicleta quebrou em três partes. O capacete ficou destruído. Mas Gideoni escapou da morte. Teve apenas uma fratura exposta no braço e alguns arranhões no rosto.
- Depois do acidente, foram seis meses até voltar a competir no nível que eu estava acostumado. Você pode imaginar o quão difícil foi esse processo de recuperação. Mas sou apaixonado pelo ciclismo. Quando eu me supero e conquisto objetivos, sinto que também colaboro para o crescimento de um esporte que é maravilhoso. Acredito que as frustrações e as dores te engrandecem. Passei a enxergar minha vida e o próprio ciclismo de outra maneira - disse Gideoni Monteiro.
Quatro anos se passaram desde aquele acidente que poderia ter colocado fim à vida do ciclista cearense. O trauma foi gigantesco. Mas que bom que não desistiu das pedaladas, porque depois daquilo, fez história no esporte que escolheu como modo de vida. Gideoni Monteiro é o único representante brasileiro no ciclismo de pista dos Jogos Olímpicos Rio 2016. Há 24 anos o Brasil não tem um competidor na Omnium.
- A ficha demorou um pouco a cair (risos). Quanto mais eu me aproximava da vaga, mais difícil era controlar a ansiedade. O que me ajudou foi saber que me preparei ao máximo para alcançar este resultado. Comecei a me dedicar a Omnium há apenas dois anos. Vi que esta era uma modalidade na qual o sistema de classificação para as Olimpíadas não era tão complicado quanto, por exemplo, na perseguição por equipes. Sabia que, se me dedicasse ao máximo, teria uma chance. Foi um aprendizado praticamente do zero. A Omnium se encaixou perfeitamente às minhas características. A prova é que sou um dos 18 ciclistas inscritos na prova para tentar uma medalha nos Jogos do Rio.
INCENTIVO DO TIO, PERDA DO PAI E BRONZE EM TORONTO
Cearense de Groaíras-CE, distante 273 quilômetros de Fortaleza, Gideoni Monteiro passou boa parte da infância e adolescência em Aracaju, onde deu as primeiras pedaladas, incentivado pelo tio, que praticava o ciclismo. Se destacou em etapas do Campeonato Sergipano da modalidade e em outras competições pelo Nordeste. Logo chamou a atenção de clubes de ciclismo. Deixou a capital sergipana ainda adolescente para tentar viver do ciclismo. Chegou a pedalar por equipes estrangeiras, mas estava cada vez mais difícil se firmar na profissão.
Um dos momentos mais complicados que viveu foi em 2014. O pai dele morreu em um acidente de carro. Logo depois, foi mandado embora da equipe de Ribeirão Preto. Até pensou em parar com tudo ali mesmo, buscar um outro rumo na vida, mas lembrou que o pai se orgulhava tanto do que ele fazia que acabou buscando motivação para continuar.
- Saí cedo de casa para competir. Muito novo fui morar no exterior, vi equipes pelas quais eu competia fecharem as portas... Sem dúvida não foi fácil. Então, chegar até aqui me dá um orgulho danado. Quem diria que aquele garotinho que deu as primeiras pedaladas por causa de um tio, em Aracaju, chegaria tão longe.
A primeira grande conquista chegou no ano passado, no Pan de Toronto. Gideoni conquistou medalha de bronze no ciclismo de velocidade. Agora, o desafio na Rio 2016 é ainda maior, em uma prova que alia força e resistência.
- Até hoje faço provas de ciclismo de estrada, que me ajudam no preparo para as provas no velódromo. Tenho concorrentes muito fortes. Colômbia, França, Grã-Bretanha. Meu objetivo é terminar no top-10. Mas sempre digo que os 18 que vão largar têm possibilidades de medalha.
Gideoni Monteiro chegou ao Rio de Janeiro na semana passada para a disputa dos Jogos Olímpicos. Desde então, a rotina é de treinos e muita concentração. Ele já testou o velódromo no Parque Olímpico e aprovou a estrutura montada.
- Venho treinando no velódromo desde que cheguei na Vila dos Atletas e ele está excelente. Foi uma pena não ter dado tempo de a gente fazer um evento-teste, mas isso é o que menos importa agora. Outras equipes também têm treinado no velódromo e elogiado as instalações, a pista. É realmente um orgulho para nós, brasileiros, termos a chance de competir em uma instalação tão bacana como essa. Fica de legado para a cidade, para o país. Não vejo a hora de ter a torcida brasileira ao lado me empurrando para obter um bom resultado.
Por: Glogo Esporte
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