“O que você faria se não tivesse medo? ”. Essa pergunta é capaz de mudar a trajetória de qualquer pessoa, mas principalmente de uma mulher. No caso de Juliana Hirata, o questionamento fez a ciclista tirar da gaveta um projeto antigo;
“O que você faria se não tivesse medo? ”
Essa pergunta é capaz de mudar a trajetória de qualquer pessoa, mas principalmente de uma mulher. No caso de Juliana Hirata, o questionamento fez a ciclista tirar da gaveta um projeto antigo; o de colocar a bicicleta na estrada por dois anos. Extremos das Américas começou com um rabisco em um guardanapo de um bar de Portland, no Estado de Oregon (EUA).
O guardanapo ficou guardado em uma gaveta, esperando a fatidica pergunta trazer luz ao esboço de um sonho. “Em julho de 2015, olhando mapas e fotos me lembrei desse planejamento e meu coração bateu mais forte! Desengavetei o guardanapo de Portland e me permiti ser ambiciosa (me fiz a velha pergunta: o que você faria se não tivesse medo?) e reuni tudo que eu queria em um só plano: visitar parques em todas as Américas, conhecer pessoas e suas relações com o meio ambiente (a bike é perfeita para esse contato) e ficar muito tempo só pedalando.”
Foi preciso nove meses de planejamento -entre estudos, contatos e trocas de experiências- para que Juli iniciasse a grande viagem. Sob a temperatura de -18ºC, na baía de Prudhoe no Alaska (USA), uma mulher partiu sozinha numa cicloviagem que já passa seus 130 dias. Nesses mais de quatro meses, a bióloga já teve o prazer de cruzar com baleias jubartes, cedros milenares, ursos e alces. “Todas essas são situações que vivi por ter mudado meu roteiro e ouvido as pessoas. Até aqui tem valido muito a pena.”, comenta Juli sobre as alterações que o roteiro inicial sofreu positivamente.
Entre as estradas isoladas, no meio de áreas selvagens, que Juliana pedalou até agora, um encontro foi especialmente inesperado e marcante: “Eu estava acampada no meio desse campo de musgos, a uns 500 metros da estrada quando as 5:30 da manhã ouço passos no lado de fora da barraca, abro os olhos e vejo a sombra de dois alces no sobreteto. Dava pra ver a sombra do vapor da respiração deles, eles ficaram investigando a barraca por alguns minutos. Pra mim pareceu uma eternidade. Eu tinha medo deles ouvirem meu coração batendo!”, relata Juli a respeito da manhã no Denali Park.
“Sozinha?!”
“Essa ‘máxima’ do patriarcado cria a ideia de que nós precisamos sempre do aval/autorização/proteção de um homem.”, Juliana Hirata.
O subtítulo é a frequente pergunta que Juli ouve quando alguém tem contato com seu projeto. “Se aventurar, viajar, praticar esportes são atividades que empoderam, libertam, melhoram a auto estima e promovem o autoconhecimento e por essas razões teme-se tanto que mulheres façam isso, principalmente sozinhas.”, responde Juliana.
Os relatos de machismo tomam alguns dos posts da cicloviajante no site que alimenta semanalmente. Os comentários bizarros vão desde um ‘conselho’ para que ela se vista de homem para ter mais segurança, até o episódio assustador na beira da estrada 16 do Canadá –conhecida também como estrada das lágrimas pelo altíssimo número de cadáveres de mulheres encontrados na região-, onde um homem chamou de inapropriada sua viagem sozinha e afirmou que caso algo acontecesse com ela, seria sua culpa.
À parte da relutância do mundo para com mulheres que o encaram apenas consigo mesmas, uma viagem sozinha tem seus medos diários e um infinito aprendizado. “Enfrento medos grandes e medos pequenos quase todos os dias e isso tem me mudado bastante. Tenho aprendido muito sobre análise de riscos. Estando sozinha preciso avaliar muito bem os riscos que eu corro. (…) Pedalar tem me deixado mais criativa e tenho notado que estar sozinha tem facilitado o contato com mais pessoas. Tenho estado mais paciente e amorosa comigo mesma também. Eu e eu mesma estamos juntas nessa estrada e precisamos confiar uma na outra.”, desabafa Juliana.
Parcerias de Juli Hirata e suas diversas redes sociais
“Eu tenho parceiros incríveis! Para os vídeos do canal do YouTube (Juli Hirata) tem o trabalho sensível e afinado do pessoal da eDA Filmes, lá a Sammya Caroline e o Radamés Araujo são as pessoas que cuidam de todo o meu material. Temos mantido uma boa regularidade no canal, um novo vídeo a cada 15 dias (sempre às terças) e a partir de janeiro de 2017, uma webserie que terá episódios semanais!
As trilhas sonoras são do talentoso (e ciclista!) Mauricio Adachi da Iceberg. O logo e parte da comunicação visual foram um presente da sempre presente Livia Minami.
Os textos, que subo sempre nos finais de semana, surgem durante o pedal. Literalmente. São vivências do meu dia a dia. Posto no www.julihirata.com e compartilho na fanpage do facebook @julihirata. Todos os textos são traduzidos pro inglês por outra parceira incrível, a Nancy Niss que mora na Flórida e que está comigo desde as primeiras pedaladas.
Uma vez por mês, mais ou menos, gravo os podcasts com o Elias Luiz do portal Extremos. Estamos até agora no #4 e eu adoro gravar!
As fotos vão pra fanpage do facebook e pro Instagram (juli_hirata) e sou eu mesma que posto. Devo criar no próximo mês um link no site com mais fotos.”
E não se esqueça:
“Às vezes as pessoas confundem estar sozinha com solidão. Não me senti solitária nem um segundo sequer.”, Juliana Hirata.
Por: Giuliana Pompeu - Bike É Legal
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