Bicicletas são cada vez mais usadas como transporte alternativo, mas existem cuidados que precisam ser tomados, como o uso de equipamentos adequados
Cada vez mais as bicicletas são usadas como um meio alternativo de transporte. Algumas empresas já começam a estimular a nova forma de locomoção para o trabalho, oferecendo bicicletário e vestiário para que seus funcionários possam trocar a roupa antes do expediente. A substituição dos meios de transporte tradicionais pela “magrela” traz diversos benefícios à saúde, no entanto algumas precauções são necessárias para evitar acidentes que podem acabar sendo fatais, como aconteceu com Julia Rezende, de 19 anos. Na última terça-feira, ela andava com uma bicicleta do projeto Bike Rio pelo bairro de Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro, se desequilibrou ao passar por um bueiro, caiu e foi atingida por um ônibus que seguia logo atrás. O motorista não parou para prestar socorro e a jovem não resistiu. A rua São Clemente, local do acidente, não conta com pista exclusiva para ciclistas.
Para minimizar os riscos, o uso de equipamentos adequados é essencial. Assim, a bike pode ser uma alternativa tão segura quanto qualquer outro veículo. Além disso, há regras que devem ser respeitadas pelos ciclistas para que a segurança dos próprios e também dos pedestres seja garantida.
Regras no trânsito
Antes de sair pedalando, procure se informar sobre as regras básicas para circular nas ruas e evitar acidentes. Segundo o Código Brasileiro de Trânsito (CBT), a pessoa que estiver de bicicleta deve respeitar sinais de trânsito e sinalização, além de circular na mão correta de direção, pois ela é também um veículo. Ciclistas e pedestres têm preferência sobre os veículos automotores.
Equipamentos adequados
Para a segurança não só de quem é atleta, mas também daqueles que usam a bike como meio de transporte ou lazer, é recomendado utilizar capacete, óculos ou viseira, cotoveleiras, joelheiras, luvas e roupas apropriadas, claras e coloridas - se for à noite, existem coletes e casacos que brilham no escuro. Estes, no entanto, não são itens obrigatórios por lei.
É fundamental que a "magrela" esteja equipada com espelho retrovisor esquerdo, buzina (campainha) e refletores (olhos de gato) dianteiro, traseiro e laterais, estes considerados equipamentos obrigatórios, de acordo com o CBT. O ciclista também deve deixar a bicicleta em bom estado para o uso e com os pneus cheios. Dependendo do tamanho do percurso, é importante levar hidratação e alimentos. Não é necessário começar indo e voltando de bicicleta para o trabalho. A pessoa pode ir de bicicleta em um dia e voltar no outro, aumentando a quantidade aos poucos, até conseguir fazer ida e volta diariamente.
Pela lei, os ciclistas devem utilizar ciclofaixas, ciclovias e acostamentos. Quando não houver, devem usar o canto direito da pista, no sentido dos demais veículos. Nunca ande na contramão, o que é considerado uma infração grave de trânsito. O ideal também é não ficar muito colado ao meio-fio, para facilitar a visão dos motoristas, e estar sempre atento às portas de veículos abrindo.
Os motoristas devem seguir regras para evitar acidentes. A principal delas é manter distância lateral de pelo menos 1,5m da bicicleta, e reduzir a velocidade ao passar pelos ciclistas, respeitando sempre a sinalização das faixas destinadas a eles. Entre ciclistas e pedestres, o pedestre tem a preferência.
Ciclovias no Brasil e no mundo
Um levantamento feito recentemente pela ONG Mobilize Brasil, que acompanha os dados da mobilidade urbana do país, mostrou quanto espaço as bikes têm nas metrópoles brasileiras. A soma das estruturas cicloviárias das capitais que possuem vias exclusivas para bicicletas passa longe dos quilômetros que os ciclistas têm à disposição em cidades da Europa como Berlim e Amsterdã, por exemplo.
Segundo a pesquisa feita pela ONG em 2015, Brasília é a capital que mais tem vias adequadas para a circulação de bicicletas, com 440km de estrutura cicloviária, seguida por Rio de Janeiro (374km), São Paulo (265,5km), Curitiba (181km), Fortaleza (116,4km), Campo Grande (90km), Teresina (75km), Rio Branco (74km), Belém (71,9km), Belo Horizonte (70,4km), Florianópolis (57km), Aracaju (56km), João Pessoa (50km), Vitória (47km), Cuiabá (37km), Recife (30,6km), Salvador (27km), Porto Alegre (21km) e Manaus (6km).
Esta relação não leva em conta as ciclofaixas de lazer, que funcionam apenas nos domingos e feriados. Em janeiro deste ano, o Rio de Janeiro inaugurou a ciclovia Niemeyer, ligando os bairros do Leblon e São Conrado, na zona sul carioca, numa extensão de 3,9 km. No entanto, parte dela caiu ao ser atingida por uma onda do mar de ressaca em abril, e o trecho permanece interditado.
A malha das cidades brasileiras ainda está bem atrás de outras cidades mundiais, onde este modo de transporte é privilegiado e estimulado há mais tempo, como Berlim, Nova York, Amsterdã, Paris e Copenhague. Na América Latina, a campeã é Bogotá, com 392km de ciclovias.
Em São Paulo, há quatro tipos de vias: ciclovia (separada fisicamente), ciclofaixa de lazer (apenas domingos e feriados), ciclofaixas definitivas e a ciclorrota (criada para incentivar o uso nos bairros). As regras são municipais e variam para cada ciclovia.
Por Igor Christ e Luma Dantas / Eu Atleta.com
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