Sentir dor nos glúteos após pedalar pode parecer normal depois de um longo tempo em cima do selim ou ao passar com a bike por percursos muito irregulares que podem provocar um atrito excessivo contra a região.
Sentir dor nos glúteos após pedalar pode parecer normal depois de um longo tempo em cima do selim ou ao passar com a bike por percursos muito irregulares que podem provocar um atrito excessivo contra a região. Mas o que a princípio aparenta ser apenas um “desconforto” pode na verdade ser indício de uma lesão muito comum em ciclistas, a síndrome do piriforme. Trata-se de um problema que atinge o ciático, que é o principal nervo dos membros inferiores, e na maioria dos casos faz com que o ciclista tenha de suspender temporariamente a atividade para tratamento do quadro. A seguir, o médico ortopedista Cristiano Frota de Souza Laurino, mestre em ciências pelo Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e diretor científico da Sociedade Brasileira de Traumatologia do Esporte (Sbrate), explica mais detalhes sobre essa síndrome.
O que é
O piriforme é um pequeno músculo localizado na região glútea que tem como função realizar a rotação externa, extensão e abdução do quadril. Ele se estende por debaixo do glúteo máximo, preso à parte superior do fêmur (osso da coxa) e posteriormente ao glúteo mínimo. A síndrome é caracterizada quando o piriforme comprime o nervo ciático, causando sua inflamação. O ciático sai da pelve (bacia) em direção à região glútea, passando por baixo do piriforme — ou através dele, no caso de algumas pessoas (cerca de 15%), o que leva a uma maior propensão ao problema. A compressão ocorre quando o músculo está tenso, hipertrofiado ou apresenta um espasmo localizado.
Causas
A posição sentada por longos períodos em cima da bicicleta ou mesmo os impactos repetidos durante um treino de mountain bike — ou em um pedal em terreno muito irregular — podem provocar a compressão e inflamação do nervo ciático. O problema também pode ser causado por distúrbios na anatomia local (forma do músculo ou posição do nervo em relação ao piriforme), associados a grandes volumes e intensidade de treinamento, intervalos curtos de recuperação e fadiga muscular.
Diagnóstico
O principal sintoma é uma dor profunda localizada na nádega, após o pedal, caracterizada por uma queimação e que pode ser irradiada para a coxa do mesmo lado. Ela piora ao caminhar, correr ou fazer movimentos de rotação lateral do quadril, como quando sentamos com as pernas cruzadas.
A dor também é percebida durante os movimentos de sentar e levantar de uma cadeira. O histórico do paciente e o exame clínico — que consiste no exame ortopédico e testes de movimentação do quadril — são fundamentais para o diagnóstico adequado.
Tratamento
O tratamento envolve medicamentos analgésicos, anti-inflamatórios e relaxantes musculares sob prescrição médica. Nesse período, é necessário reduzir ou interromper por tempo indeterminado as atividades que desencadeiam o quadro. Acupuntura e fisioterapia são fundamentais para a melhora
da dor. O tempo até a melhora da dor geralmente é longo, sobretudo se não forem respeitados os prazos estipulados no tratamento. Cirurgias também podem ser indicadas caso não haja melhora dos sintomas com o tratamento conservador.
Prevenção
Para prevenir o problema, recomenda-se fazer uma avaliação biomecânica para o correto posicionamento sobre a bicicleta (bike fit), além de ter um acompanhamento profissional para um treino adequado e individualizado, com exercícios de alongamento e aquecimento apropriado. Também deve haver moderação nos exercícios de fortalecimento de glúteos, que sempre devem ser acompanhados por alongamento. A seguir, o fisioterapeuta e especialista em bike fit Fernando Rainho dá dicas de alguns exercícios de alongamento que podem ajudar a prevenir a dor nos glúteos após pedalar. Cada alongamento deve ser mantido por cerca de 30 segundos e realizado em três repetições com cada perna.
– Alongamento de glúteos e piriforme sentado
Sentado, manter a perna a ser alongada cruzada sobre a perna oposta, que deve ser mantida esticada no chão. Com o braço do lado da perna esticada, abraçar o joelho da perna a ser alongada e puxá-lo em direção ao peito. Para dar maior ênfase ao alongamento, pode-se realizar rotação do tronco por completo em direção ao joelho, sem diminuir a proximidade do joelho com o tronco.
– Alongamento de glúteos e piriforme deitado
Deitado, apoiar o pé da perna a ser alongada cruzado sobre a perna oposta flexionada. Com as mãos, puxar a perna de apoio em direção ao peito.
– Alongamento clássico de isquiotibiais
Deitado, manter uma das pernas dobrada ou esticada no solo. Com ajuda de uma toalha ou faixa elástica firme apoiada na sola do pé, elevar a outra perna, sentindo alongá-la, e puxar a faixa ou toalha enquanto a mantém no alto com o joelho esticado. Como evolução, pode- se deixar a perna “tombar” ao lado do corpo, também puxando a faixa/ toalha com as mãos, o que dará um pouco de ênfase aos glúteos.
– Alongamento específico de piriforme
Deitado, abraçar o joelho da perna a ser alongada com a mão do braço oposto, e puxar o joelho em direção ao peito e ao ombro oposto.
Por: Ativo.com
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