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Pensando em encarar uma cicloviagem?

  • 03/11/2016

Você já utiliza as ciclovias, pedala até o local de trabalho em alguns dias da semana, talvez até de segunda a sexta-feira. Mas pedalar, sabemos muitos de nós, é como um vício. E, se você já desenvolveu sua condição física a um nível razoável, por que não se aventurar fazendo sua primeira cicloviagem e, em vez de ônibus e gente apressada no seu campo visual, permitir que imagens campestres e bucólicas invadam suas retinas?


Você já utiliza as ciclovias, pedala até o local de trabalho em alguns dias da semana, talvez até de segunda a sexta-feira. Mas pedalar, sabemos muitos de nós, é como um vício. E, se você já desenvolveu sua condição física a um nível razoável, por que não se aventurar fazendo sua primeira cicloviagem e, em vez de ônibus e gente apressada no seu campo visual, permitir que imagens campestres e bucólicas invadam suas retinas?

Conversamos com Claudia Franco, idealizadora e instrutora do Ciclofemini, Escola de Pilotagem de Bicicleta, para colher algumas orientações úteis, bem como também alguma mensagem inspiracional. Que tal embicar sua bike nesse rumo prazeroso?

A própria Claudia tem uma história singular. Pratica esportes há muitos anos, mas sucumbiu ao vício ao qual nos referimos apenas depois de completar o 49º aniversário, após cultivar longa experiência em wakeboard, windsurfe, tênis e corrida, entre outras atividades. Cismou de excursionar pela Patagônia em fevereiro de 2010. Para tanto, em outubro do ano anterior, tratou de correr atrás de aprimoramento físico e de desenvolvimento dos níveis de pilotagem e de conhecimento mecânico-ciclístico para poder encarar o desafio de pedalar por três dias, com carga diária de 100km.

É claro que você não precisa começar como Claudia. Se reside em São Paulo, pode escolher algo como o Circuito Lagamar, em Ilha Comprida. É ideal para iniciantes. Santa Catarina tem excelentes opções, assim como a região serrana do Rio. Hoje, com comunidades no Facebook, coletar informações sobre cicloviagens em seu estado não é tão difícil. Mas comecemos pelo começo.

Pilotar corretamente é essencial. Você pode até dar suas pedaladas em ambiente urbano. Mas já sabe segurar o guidão com uma das mãos e sinalizar com a outra? Conhece o Código de Trânsito Brasileiro? Sabe o que fazer caso fure um pneu? Sabe quais ferramentas deve carregar consigo? Consegue se manter em linha reta, em progressão, enquanto olha para trás? Apurar a pilotagem e deter todo esse conhecimento é essencial. A própria Ciclofemini pode ajudá-lo.

Atingido esse patamar de destreza, você já pode escolher seus primeiros passeios. E então pergunte a si mesmo: Qual é sua autonomia? Quantos quilômetros consegue percorrer? “Se o máximo que você já pedalou foram dez quilômetros dentro de um parque plano e asfaltado, você não vai conseguir fazer uma cicloviagem de 25 ou 30km, que é supercurta”, exemplifica Claudia.

Ela recomenda que o iniciante procure um professor de educação física ou um personal trainer que o ajude a desenvolver a capacidade física. Vale fazer aulas de spinning e trabalhar o desenvolvimento muscular numa academia.

Assim que já tiver uma autonomia compatível com a quilometragem que almeja percorrer, é hora de colocar os pneus de sua bike na terra. Sim, é muito normal iniciar sua vida de cicloviajante em terrenos desse tipo.

“Normalmente as cicloviagens no Brasil se dão por terra, porque aqui o cicloturismo acaba se confundindo com o mountain bike. Isso acontece exatamente porque a gente não tem as vias asfaltadas preparadas para o cicloturismo como se tem na Europa e até em outros países do nosso continente, como Chile e Argentina. Lá você pode trafegar pedalando em estradas totalmente asfaltadas e fazer o seu cicloturismo. Lá os caminhões vão te dar prioridade e ultrapassarão os ciclistas apenas se tiverem espaço para isso. Aqui no Brasil o mesmo não ocorre, por não termos essa cultura ainda. Essa cultura está sendo criada neste momento, mas ainda vai levar um tempo para que mature”, diz a esperançosa instrutora.

Investir um pouco para fazer passeios assistidos por empresas operadoras de cicloviagens é uma forma sugerida por Claudia para se inserir nesse mundo. Num segundo momento, é possível pensar num voo solo. “No Brasil há circuitos incríveis de cicloturismo, totalmente organizados, com toda uma comunidade inteiramente voltada a essa atividade. Você vai encontrar restaurantes e hotéis completamente preparados para receber o cicloturista, com todo o circuito mapeado , todas as informações para poder fazer o circuito de maneira autossuficiente, sem precisar de uma operadora. Há operadoras de cicloviagens que promovem passeios e levam grupos, mas se você quiser fazer de maneira solitária, colocar os alforjes na bike e viajar, você tem todos os mapas, todas as identificações. Não tem como você ficar perdido no meio do nada. São circuitos totalmente organizados”, diz a instrutora.

Pedalar solitariamente exige conhecimento sólido em utilização de GPS e certo traquejo na leitura de mapas. O que levar na bicicleta? Não pense que o recomendável é carregar tudo o que imagina ser necessário e ser obrigado a tracionar 30 quilos de bagagem com suas pernas. “Eu mesma faço viagens autossuficientes. Carrego a roupa do corpo, uma roupa de ciclista sobressalente, uma muda de roupas para usar à noite. Aí tem outros itens: dependendo da época do ano, uma capa de chuva, uma segunda pele. A prioridade são as ferramentas. Tem que pensar também em alimentação para o dia e hidratação”.

Falamos em ferramentas. Pense em espátulas para tirar o pneu da roda e o chamado canivete do ciclista (multifunções) – existem modelos com ferramenta para consertar correntes que se arrebentam. Duas câmeras de pneu sobressalentes, remendos para furos e cola. Também é muito importante levar uma gancheira reserva. Trata-se da peça que prende o câmbio ao quadro da bike. A função dessa peça é absorver impactos. Se você cair, por exemplo, a gancheira se quebra, e o caro câmbio é poupado; o quadro também. A gancheira é uma peça específica para sua bike. Você a compra na loja em que adquiriu sua magrela. Não deixe para procurar essa peça tão específica numa bicicletaria de cidadezinha do interior. É alto o risco de não encontrá-la e consequentemente ficar sem câmbio, comprometendo sua cicloviagem.

A esta altura do texto, é bem provável que você se convença da importância da assistência de um grupo ou de uma operadora. Você pode até fazer uma aposta em seu preparo físico, ainda que não esteja tão em dia assim com os treinos. Caso se revele que sua autonomia é insuficiente, o carro de apoio vai se incumbir de socorrê-lo. Fazer amizades, aproveitar a experiência dos colegas… Sim, o grupo oferece vários benefícios. Você teima na viagem autossuficiente? Aprenda o que puder sobre mecânica ciclística e planifique sua aventura de modo a pedalar em locais sempre servidos por sinal de celular. Condições físicas? Não falte aos treinos e leve a sério as orientações de seu treinador!

Por: Ativo.com

 

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