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As melhores maneiras de ir ao trabalho, de acordo com ciência

  • 05/10/2015

Muitas pessoas enfrentam um longo caminho para o trabalho todos os dias. E, principalmente em cidades grandes como São Paulo, essas horas no trânsito, seja em um carro, no metrô ou no ônibus, podem ter impactos psicológicos e físicos profundos.


Por hypescience.com

Muitas pessoas enfrentam um longo caminho para o trabalho todos os dias. E, principalmente em cidades grandes como São Paulo, essas horas no trânsito, seja em um carro, no metrô ou no ônibus, podem ter impactos psicológicos e físicos profundos.

O que a maioria não sabe, no entanto, é que existem formas de ir ao trabalho piores que outras. Por exemplo, entre carro, transporte público, bicicleta e a pé…

 

Dirigir é a maneira mais estressante de ir ao trabalho

Uma equipe de pesquisadores da Universidade McGill, no Canadá, fez uma pesquisa com 4.000 indivíduos que se deslocavam para o trabalho ou para a aula até a universidade, em Montreal. Eles foram entrevistados no final de um longo inverno, quando ainda estava muito frio.

Os resultados mostraram algo interessante: mesmo com o clima horroroso, caminhantes tinham o trajeto menos estressante. O segundo tipo menos estressante era transporte público, e, mesmo assim, os participantes disseram que a parte mais agradável era a caminhada de e para o trem ou ônibus.

De longe, o modo mais estressante de ir ao trabalho era dirigindo, em parte porque os indivíduos tinham que calcular tempo extra de viagem apenas no caso de algo dar errado (como uma rua ficar parada, ou furar um pneu etc).

 

Dirigir também é ruim para a saúde física

O estudo acima dependeu de autorrelato, que não é uma metodologia muito rigorosa. Mas existem vários outros estudos que nos dão evidências mais objetivas dos males de dirigir.

Por exemplo, o pesquisador Raymond Novaco da Universidade da Califórnia Irvine, nos EUA, fez uma revisão de estudos sobre comutação e bem-estar. Isso incluiu uma pesquisa de 1998 que mediu pressão arterial e frequência cardíaca em participantes que foram atribuídos a modos de comutação de forma aleatória.

Concluiu-se que as pessoas que dirigiram tinham pressão arterial e frequência cardíaca significativamente maior, e menos tolerância à frustração do que as que tomavam o ônibus.

Outro estudo, de 2012, publicado no American Journal of Preventive Medicine, analisou a saúde de mais de 4.200 motoristas em cidades do Texas ao longo de vários anos, fazendo medições semanais de saúde como níveis de glicose e níveis metabólicos. Quanto maior a distância que uma pessoa percorria de carro, pior a sua aptidão cardiorrespiratória era, e maior sua pressão arterial e IMC eram, mesmo quando esses fatores foram ajustados por quanta atividade física os motoristas faziam.

Ainda outras pesquisas descobriram que cada hora que você gasta em um carro lhe deixa 6% mais propenso a ser obeso. Por outro lado, cada quilômetro que você anda ao trabalho reduz essa chance em 5%.

Bicicleta também é uma boa opção. Uma revisão publicada no Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports avaliou 16 estudos diferentes, e 14 mostraram benefícios para a saúde de ir de bicicleta para o trabalho, mesmo quando o ritmo é mais lento e a distância curta. A conclusão foi simples: ir de bike melhora sua forma física e reduz o risco de morte por doenças cardiovasculares ou câncer, bem como o risco de obesidade.

 

Dirigir também é ruim para seus relacionamentos

Dirigir é física e mentalmente estressante. Nenhuma surpresa aí. Mas também pode afetar sua saúde social e a economia de toda a sua cidade.

Um estudo recente com mais de 21.000 pessoas na Suécia descobriu que as que se deslocam de carro não só são menos sociais (frequentam menos eventos sociais, reuniões de família ou eventos públicos), como têm menor confiança nos outros. Enquanto isso, pessoas que vão para o trabalho a pé, de bicicleta ou de transporte público relatam muito maior participação social e confiança nos outros.

Os resultados, publicados este ano na revista Environment and Behavior, sugerem que as viagens intermunicipais de carro prejudicam a criação de “capital social”, um termo para as relações sociais que levam à construção da comunidade e desenvolvimento econômico.

Para reforçar o argumento da saúde mental, um estudo da Universidade de East Anglia com cerca de 18.000 adultos no Reino Unido feito no ano passado mostrou que a mudança de dirigir para caminhar ao trabalho leva as pessoas a se sentirem melhor e ter mais concentração. Mesmo se elas precisam tomar um trem ou ônibus, ainda são mais felizes do que os motoristas.

 

Mas e no quesito acidentes?

Algumas pessoas podem argumentar que, apesar do fato de que ir de bicicleta ou a pé seja emocionalmente e fisicamente mais saudável, elas não querem correr o risco de um acidente. Além disso, há inalação de poluição dos carros.

Esse não é necessariamente um bom argumento, visto que transportes motorizados também podem sofrer acidentes.

Mas para deixar essas pessoas mais tranquilas, um estudo fez a avaliação exata de risco/recompensa de ir para o trabalho pedalando.

Alguns anos atrás, uma pesquisa holandesa da Universidade de Utrecht calculou as taxas de mortalidade se um grupo de 500.000 adultos trocassem o carro por bicicleta. Usando dados censitários sobre benefícios e desvantagens (como exercício físico e risco de acidentes), eles descobriram que a mudança acrescentaria entre 3 e 14 meses para a expectativa de vida das pessoas.

Isso é enorme em comparação com o que a poluição do ar e acidentes tiram dos anos de vida de alguém. Respirar poluição na rua tira oito dias a um pouco mais de um mês de sua vida, enquanto os acidentes subtraem entre cinco e nove dias.

No geral, ir de bike para o trabalho é nove vezes mais benéfico do que os riscos decorrentes de acidentes ou de poluição do ar.

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