Bananas são uma ótima fonte de energia para competições e nada bate a fruta na hora de superar um momento de fraqueza durante o pedal.
A banana, quem diria, está na moda. Nos supermercados, multiplicam-se produtos feitos a partir dessa fruta, a exemplo da farinha e da biomassa. Nós, ciclistas, até curtimos essas novidades, mas o que a gente gosta mesmo é de comer a banana em sua forma mais pura (e barata) – ou seja, diretamente da casca. E existem mil motivos porque ciclistas devem comer banana.
A produção mundial por ano bateu recorde em 2018, com 19,2 milhões de toneladas, segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura. O Brasil é o quarto maior produtor do mundo e um ávido consumidor da iguaria. De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), aqui o consumo per capita é de impressionantes 25 kg por ano, enquanto em lugares mais ricos, como os Estados Unidos, esse número cai para 6 kg ao ano.
Quem ama pedalar tem uma queda especial pela fruta há anos. O lugar da banana no ciclismo de endurance foi imortalizado em 1887, quando George Nellis Jr., jornalista de Nova York, documentou sua jornada de 72 dias pelo país a bordo de uma pesada bicicleta estilo penny-farthing, aquelas com uma roda enorme na frente. George escreveu que, durante sua pedalada de 16 dias, um vendedor lhe ofereceu todas as bananas que ele pudesse comer – por apenas US$ 0,25.
O ciclista faminto aproveitou a oferta, engolindo seis bananas imediatamente. Cinco minutos depois, ele comeu mais seis; e após dez minutos, outras seis. No total, George devorou duas dúzias de bananas. A comilança excessiva de George pode ser um ponto fora da curva, mas o fato é que milhares de ciclistas também foram fiéis à fruta ao longo de toda a história moderna do esporte.
Bananas foram distribuídas em competições de bike no Brasil e no mundo ao longo dos anos 1960 e guardadas em bolsos de jerseys durante as décadas de 1970 e 1980. No fim dos anos 1980, a equipe gringa de ciclismo Raleigh Banana representou a “fruta da energia” com roupas e bikes clássicas adornadas com a palavra “banana”. Comer banana pelo jeito é inseparável do ciclismo.
Atualmente, você pode mostrar seu apreço pela fruta com um BaNana Bot Cage, um porta-caramanhola feito por meio de impressão 3D com encaixe para duas bananas, além da garrafinha (você não pode comprar um pronto, mas dá para fazer o download do arquivo e imprimir você mesmo). Ele foi criado por Franc Falco depois de um colega ciclista reclamar que as bananas ficavam esmagadas durante o pedal.
Franc tem razão: tirar uma banana madura demais da jersey pode ser desagradável – “Quando você cai, espalha gosma de banana para todo lado”, diz o norteamericano Ron Kiefel, medalhista olímpico que já participou sete vezes do Tour de France.
Bananas são uma ótima fonte de energia para competições e nada bate a fruta na hora de superar um momento de fraqueza durante o pedal. Então decidimos celebrar aqui a fruta mais legal que o ciclista poderia querer.
Caia de boca
Há uma penca de razões para você amar bananas, mas a principal pode ser o fato de que, para ciclistas, nunca é um mau momento para comer uma. Como combustível pré-pedalada, as bananas contêm nutrientes, incluindo as vitaminas C e B6, que podem aumentar sua velocidade em cima da bike. Pesquisadores descobriram que ciclistas que comeram bananas antes de uma pedalada de alta intensidade foram 5% mais rápidos que aqueles que somente beberam água.
Guardada no bolso da jersey, ela vai amadurecendo enquanto você pedala, devido ao calor corporal. À medida que a fruta amolece, seu índice glicêmico (IG) – o tempo que os carboidratos demoram para afetar o nível de açúcar no sangue – aumenta. O que significa que, no meio da pedalada, a banana estará ligeiramente amarronzada e te dará uma dose rápida de energia.
E, diferentemente da maioria das guloseimas processadas, elas não irritam o estômago – e uma fruta de tamanho médio contém apenas cerca de 100 calorias.
Depois de uma pedalada dura, comer banana pode te ajudar a se recuperar mais rapidamente. Em um pequeno estudo publicado na revista científica PLOS One, pesquisadores compararam bananas versus água com bebidas esportivas em termos de recuperação pós-exercício. Eles descobriram que a fruta se igualavam às bebidas esportivas no que diz respeito à reposição de nutrientes e prevenção de inflamação pós-treino, responsável por dores musculares.
Tudo sobre a banana
Potássio – Uma banana de tamanho médio contém 422 mg de potássio – cerca de 12% da quantidade recomendada diariamente. O nutriente envia sinais aos nervos que ajudam a fortalecer o coração e outros músculos, como explica a nutricionista Natalie Rizzo. O potássio também regula a quantidade de sódio presente no corpo.
O mineral ainda pode evitar que você se sinta fraco e cansado e até mesmo contribuir para que tenha menos câimbras – embora bananas não necessariamente as combatam. “Câimbras musculares são uma questão multifuncional, que costumam não ter uma só causa ou solução específica”, diz Bob Seebohar, nutricionista esportivo, fisiologista do exercício e treinador de esportes de endurance.
Fibra – Uma banana média possui três gramas de substanciosas fibras (cerca de 10% da ingestão diária recomendada), que tornam a absorção do açúcar mais lenta e prolongam a sensação de saciedade.
Bananas também contêm prebióticos, um tipo de fibra fermentável que ajuda as bactérias “boas” da flora intestinal (mais conhecidas como probióticos) a prosperarem. Esses microrganismos benéficos melhoram a digestão, diminuem alguns dos fatores de risco de doenças cardiovasculares e também contribuem com a perda de peso ao promover a saciedade.
Água – Como um alimento sólido pode contribuir para a hidratação? O potássio tem um papel nesse processo ao ajudar na regulação do equilíbrio de fluidos do corpo, especialmente dos eletrólitos que você perde depois de pedalar (como sódio, magnésio e cálcio). Atividade física de moderada a intensa pode ocasionar pequenas flutuações do potássio celular, razão pela qual atletas devem comer alimentos ricos em potássio para contrabalancear esses desequilíbrios, de acordo com a Sociedade Internacional de Nutrição Esportiva.
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