Não importa se você é ciclista de fim de semana ou semiprofissional do pedal: conheça roteiros de cicloturismo na medida para o seu perfil
Dificilmente alguém faz apenas uma cicloviagem. Experimentar a sensação de sair de um lugar pedalando e chegar a outra cidade – ou talvez outro país – é tão surpreendente e transformador que vicia.
“O mais enriquecedor das viagens de bike é a sensação de liberdade. As ciclovias nos levam praticamente a todos os lugares, incluindo roteiros menos óbvios. Tudo passa a ter um gosto de descoberta”, diz Tomas Perez, da Teresa Perez Tours.
Parece audacioso demais? Saiba que uma das vantagens das viagens de bicicleta é sua flexibilidade quase infinita: dá para optar por roteiros planos e fáceis ou técnicos e fisicamente exigentes, com mais ou menos infraestrutura de hotelaria, ir totalmente autônomo ou relaxar enquanto uma agência cuida de tudo. Partiu?
É impressionante que caibam tantas opções para o ciclismo em um país tão pequeno: elas incluem de estradas deslumbrantes bordejando o Mar Adriático a cadeias montanhosas. Há rotas para quem gosta de off-road, como a trilha de Gorski Kotar, com sete estágios entre 28 e 43km, e provas de estrada como Istria Granfondo, de 88 e 128km. O país também ganha pontos por ter uma boa infraestrutura, como os bike friendly points, que permitem fazer pequenos ajustes mecânicos, e os Bike & Bed, com estrutura hoteleira adaptada.
A beleza dos parques nacionais do Canadá é famosa, mas o Banff National Park é o que se pode chamar de paraíso do mountain bike, com atividades como trekkings e canoagem. Esse roteiro não deve nada em conforto também: a dica de hospedagem é o Hotel Fairmont, às margens do Lake Louise. Com sorte, o inverno pode dar de brinde ainda uma visão espetacular da aurora boreal.
Os Estados Unidos já têm registrados mais de 1.500 fabricantes de cerveja artesanal e alguns dos melhores rótulos do mundo. Esse roteiro de seis dias tem pedais entre 22 e 69km, sempre terminando em alguma das cervejarias artesanais premiadas. O roteiro pede preparo físico básico a intermediário, passando principalmente por estradas asfaltadas tranquilas, mas o carro de apoio está lá caso a tentação da cerveja ganhe da vontade de pedalar mais.
Vales verdes em contraste com os picos congelados das montanhas mais altas do mundo: o Himalaia é um destino de tirar o fôlego para mountain bikers, em diversos sentidos. O circuito começa e termina em Katmandu, passando pelo vale de Kali Gandaki, na região de Mustang. É um pedal exigente por ter diversos trechos técnicos off--road e subidas destruidoras, mas conhecer a grandeza da cordilheira do Himalaia e mergulhar na cultura do Nepal e do Tibete são prêmios que compensam todo o esforço.
DIÁRIO DE BORDO - O RELATO DE QUEM PEDALOU
Pippo Garnero - Ciclista profissional
“Sou apaixonado por ciclismo, e não existe a possibilidade de não levar a bicicleta quando eu viajo. Só não levei na lua de mel. Como minha mulher também é ciclista, tudo funciona muito bem – e levamos as duas bicicletas. Uma das viagens mais legais que já fizemos foi na Provença, perto do Mont Ventoux: num dia, fizemos essa subida, que é muito dura (foram mais de 20km), e, no outro, os campos de lavanda, que é um passeio lindo!”
Lauro Wöllner - Empresário e designer
“Uma boa dica para viagens é levar seu selim e pedal e alugar a bike. No Camboja, ano passado, eu e minha mulher fizemos Angkor toda de bicicleta. No Japão, saltamos em Quioto e pedalamos por todos os templos. Levamos nossas bicicletas à Croácia. Na Inglaterra, tínhamos duas competições em fins de semana seguidos e passamos uma semana em Londres com nossas bikes. É o melhor transporte. Você deixa de ser outsider e entra na cultura local.”
Gabriel Sauer - Diretor da Amsterdam Sauer
“Fiz um trecho da Road to Hana, no Havaí, de bike. Lá, você consegue reunir várias experiências em uma só viagem. Tem cachoeiras e praias com visual espetacular. Além do ciclismo, para quem gosta de surfar ou velejar, Maui é um prato cheio. Tem oportunidades ótimas de mergulho e snorkel, e o pôr ou nascer do sol no vulcão Haleakalã é imperdível. É possível inclusive descer a montanha de bike depois do amanhecer.”
FAÇA VOCÊ MESMO
A bióloga Juliana Hirata está fazendo uma viagem de bike de um extremo a outro da América, do Alasca até Ushuaia. Ela já removeu cascavéis para montar a barraca, enfrentou uma matilha de coiotes e faz a manutenção da bike. Juliana dá 11 dicas para você viajar de bike por conta própria.
A melhor bike é a sua
Faça uma boa revisão, troque peças duvidosas e estude um roteiro adequado ao seu equipamento. Fazer mountain bike com uma bicicleta urbana não é impossível, mas pode ser traumático.
Conheça sua bicicleta
Fique íntimo de sua bike antes que o pó, a chuva e a lama da estrada a transformem em um monstro e saiba identificar o que não está normal. A dica é manter um álbum de fotos das peças e partes mais importantes da sua bike (limpas e lubrificadas) no seu celular e nuvem.
Aprenda mecânica básica
Segundo a lei de Murphy do cicloturismo, 11 de dez problemas na sua bicicleta acontecerão a muitos quilômetros de distância de uma bicicletaria. O fundamental é saber consertar pneu furado ou rasgado e raio ou corrente quebrados.
Tenha uma ótima playlist
Naquele momento de desmotivação por causa do vento incessante ou da subida, ela pode ser a salvação.
Entenda análise de riscos
Aceitar riscos é normal e faz parte de uma viagem interessante. O importante é avaliar quais são desnecessários e o contexto – viajar sozinho ou acompanhado é totalmente diferente. Garanta que sempre haja alguém que saiba onde você está e seu roteiro.
Abrace o imprevisto
Uma das belezas do ciclotour são as infinitas surpresas que aparecem. Aceite e incorpore mudanças no roteiro e ritmo do pedal. A viagem acontece no caminho.
Não ignore o medo
Onde há fumaça, há fogo. O medo tem uma função importante e nos deixa mais atentos. Não deixe ele paralisar você, mas fique alerta e esteja preparado para eventualidades.
Questione excessos de tragédias
Qualquer lugar soa perigoso quando só o negativo é divulgado. Quando alguém falar muito mal sobre um local, pergunte como essa pessoa soube desses dados.
Seja curioso
Perguntas são uma importante ferramenta de contato com pessoas locais e para aprender sobre a cultura.
Seja visível na estrada
Estar visível é muito importante para nossa relação com os veículos motorizados, a qualquer hora do dia. Use coletes refletivos, luzes traseiras e dianteiras.
Planeje-se
Você não precisa ser um atleta para começar, mas planejar de acordo com seu condicionamento físico atual evitará frustrações. Iniciantes planejam entre 25 e 50km diários em três a cinco horas de pedal.
Por: GQ.Globo.com
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