Logo quando começamos pedalar já escutamos de ciclistas mais experientes da importância do giro/cadência, de manter um giro alto e constante, mas afinal de contas o que acontece no nosso corpo, em especial em nossos músculos que torna o giro tão importante?
Por: João Sergio - Projeto Pedalando
Logo quando começamos pedalar já escutamos de ciclistas mais experientes da importância do giro/cadência, de manter um giro alto e constante, mas afinal de contas o que acontece no nosso corpo, em especial em nossos músculos que torna o giro tão importante?
Para entender melhor, vamos começar falando das especificidades de nossos músculos, dos tipos de fibras que o compõem e suas características.
Os músculos são divididos em 3 tipos de fibras: tipo I, tipo IIa e tipo IIb.
As fibras tipo I são de contração lenta, e usam predominantemente o metabolismo aeróbico (oxigênio) para produzir energia. Esse tipo de fibra tem como característica principal a grande resistência à fadiga e produzem energia de forma gradativa e constante. Atletas de endurance (maratonistas, triatletas, ciclistas) tem predominância desse tipo de fibra.
As fibras tipo IIa, são essencialmente de contração rápida, no entanto são classificadas como fibras mistas, por usarem tanto o metabolismo aeróbico como também o anaeróbico, elas tem uma tolerância menor a fadiga se comparadas as fibras do tipo I.
As fibras tipo IIb , também conhecidas como fibras glicolíticas são de contração rápida (explosiva), e não necessitam da presença de oxigênio para gerar energia. Elas são recrutadas em atividades que necessitam o uso de maior força muscular e por isso desenvolvem maior força numa única contração, porém são mais suscetíveis à fadiga. São exemplos de atletas que tem predominância esse tipo de fibra corredores de 100 m e levantadores de peso.
A genética é o principal fator determinante com relação ao tipo de fibra predominante em nossos músculos. É muito comum de se ver, dois indivíduos que realizam o mesmo treino numa sala de musculação, tem uma alimentação parecida, no entanto atingem desempenhos e resultados diferentes.
Clique aqui e veja o vídeo que faz um paralelo entre a tipagem de fibras de um corredor de velocidade (100 m) e um maratonista.
Mas e o giro, o que tem a ver com a “tipagem” de fibras?
O ciclismo de estrada e o mtb são modalidades de endurance/resistência, com treinos e provas de longa duração, em que o metabolismo aeróbico é predominante, consequentemente o tipo de fibra usada nesse tipo de prova é o tipo I, de contração lenta e altamente tolerante a fadiga.
Quanto maior o giro, menor será o esforço exercido pelo ciclista devido ao recrutamento das fibras tipo I, a musculatura em cadências mais altas é preservada, no entanto, é necessário um maior aporte de sangue e oxigênio para a musculatura, o que exige mais do condicionamento cardiorrespiratório. Já em giros mais baixos o ciclista faz mais força e preserva o sistema cardiorrespiratório, mas existe um contraponto: cadência mais baixas demandam mais das fibras tipo IIa e IIb levando os músculos e o corpo a fadiga mais rápida.
Para perceber a diferença dos tipos de fibras recrutadas durante o pedal não é difícil: num trecho longo e plano em que a cadência é alta e constante as fibras tipo I tem seu trabalho predominante, logo após quando pegamos uma elevação íngreme, em que se torna necessário desempenhar mais força, as fibras glicolíticas (tipo IIa e IIb) entram em ação, e aquela “queimação” sentida nas pernas é uma resposta a fadiga.
Apesar de o ciclismo ser um esporte de resistência e o tipo de fibra predominante usada é a tipo I, de predominância aeróbica, vale ressaltar que grande parte das provas de ciclismo são decididas nos metros finais, quando os sprinters que guardaram todas as suas forças durante a prova usam a explosão muscular, as fibras tipo II, para lutar pelos lugares mais altos do pódio.
Os dois tipos de fibra são importantes e interdependentes, é impossível pensar isoladamente num ou noutro tipo de fibra para otimizar o desempenho. Por mais que o ciclismo seja um esporte de endurance (longa duração), exigindo predominantemente as fibras tipo I (de resistência), as fibras tipo II (força e explosão) também tem papel fundamental – “Nunca vi provas/treinos de ciclismo em que todos andam no mesmo ritmo e em percursos planos”-.
Treinos de volume, em que se enfoca a distância percorrida e o giro alto e constante estimulam mais as fibras resistentes. O treinamento intervalado e o treino de montanha (de elevação) são estratégias bastante interessantes para trabalhar as fibras de força e explosão.
Na academia é possível realizar treinos específicos para o recrutamento das fibras tipo I e II .Quando bem planejado e orientado, o trabalho em conjunto entre a musculação e o ciclismo é essencial, previne lesões e melhora o desempenho. Vale ressaltar que o acompanhamento de um Educador Físico qualificado faz toda diferença.
Para encontrar a cadência/giro ideal demanda tempo e consciência corporal, procure realizar um giro/pedalada redonda, harmônica, em que as duas pernas exerçam a mesma força e velocidade, se atente para a troca de marchas nos momentos corretos e lembre-se: quanto menor a oscilação da força da pedalada mais efetivo será o giro/cadência, consequentemente melhor será o seu rendimento.
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