A dor na virilha ou na região baixa do abdome após pedalar pode indicar uma lesão conhecida como pubalgia
Pedalar não exige esforço apenas da musculatura das pernas. Os músculos localizados nos quadris e no abdome também são muito requisitados no exercício, tanto para auxiliar os ciclistas na estabilização do tronco e manutenção da postura sobre a bike quanto para ajudar a fazer força na hora de empurrar o pedal. O esforço repetitivo da prática, no entanto, quando combinado a fatores como sobrecarga, desequilíbrio ou encurtamento muscular — dentre os mais comuns —, pode gerar um processo inflamatório na sínfi se púbica, articulação semimóvel que é responsável por unir o púbis, formando a bacia (cintura pélvica). Denominada pubalgia, essa inflamação causa dor na virilha ou na região do púbis, que pode se agravar caso não seja tratada adequadamente, a ponto de ser necessária uma intervenção cirúrgica. A seguir, o médico Orlando Righesso Neto, que é mestre em ortopedia e traumatologia pela Santa Casa de São Paulo e membro titular da Sociedade Brasileira de Coluna (SBC), explica mais detalhes sobre a lesão.
O que é
A pubalgia é uma lesão caracterizada por um processo inflamatório localizado na sínfi se púbica, articulação semimóvel que é responsável por unir o púbis, formando a bacia (cintura pélvica), o que causa a dor na virilha. Normalmente acomete praticantes de esportes que exigem acelerações rápidas e mudanças bruscas de direção — como futebol, basquete e handebol — ou movimentos intensos e repetitivos — como ciclismo e corrida. O problema se manifesta por meio de dor na virilha ou na região baixa do abdome (púbis).
Causas
Esse tipo de lesão não tem uma causa única. Geralmente está associado à sobrecarga de
exercícios, desequilíbrio e encurtamento muscular, redução de mobilidade das articulações coxofemoral (ligação da coxa com o quadril) e sacroilíaca (que une a pelve à coluna), microlesões no músculo adutor, enfraquecimento da parede abdominal, entre outros. No caso do ciclismo competitivo, na grande maioria das vezes ela ocorre por estresse de treinamento (overtraining). Em ciclistas que pedalam por lazer ou como meio de transporte, geralmente está relacionada ao mau ajuste ou uso inadequado da bicicleta.
Diagnóstico
A dor na virilha ou na região baixa do abdome é o principal sintoma da pubalgia, porém ela também pode indicar a existência de uma hérnia inguinal (uma espécie de caroço na região da virilha), havendo necessidade de um diagnóstico mais preciso para determinar sua real origem. No caso da pubalgia, normalmente esse desconforto é verificado de forma unilateral, mas não é incomum também se apresentar bilateralmente. A dor pode iniciar-se tanto de forma aguda como piorar progressivamente, e tende a aumentar com a atividade física, sendo irradiada para a região medial das coxas. A palpação local, assim como dos tendões circunvizinhos, é dolorosa. O diagnóstico preciso é feito com base na história clínica e exame físico do paciente, com auxílio de radiografia, ecografia, tomografia ou ressonância magnética, caso necessário.
Tratamento
Diagnosticada a pubalgia, o tratamento consiste inicialmente em repouso, aliado à utilização de medicação analgésica e anti-inflamatória, além de fisioterapia, pelo período de seis a oito semanas. Caso o tratamento conservador não obtenha sucesso e os sintomas se tornem persistentes e incapacitantes, é indicada a intervenção cirúrgica.
Prevenção
Para prevenir a dor na virilha, a primeira medida é procurar um profissional de bike fit para um ajuste correto da bicicleta. Também é aconselhável evitar pedaladas com força excessiva ou giro alto (acima dos 120 rpm). No caso de ciclistas competitivos, é preciso contar com o auxílio de um treinador que oriente sobre a frequência e a intensidade adequadas dos treinos, para não correr o risco de estresse ou sobrecarga — lembrando que o descanso após treinos árduos e competições deve fazer parte do programa de treinamento. Também é importante fortalecer e alongar os grupos musculares dos quadris e abdome. Confira alguns exercícios sugeridos pelo fisioterapeuta e especialista em bike fit Fernando Rianho.
Alongamento
Os alongamentos devem ser mantidos por cerca de 30 segundos. Para um melhor resultado, realize três repetições de 30 segundos com cada perna.
Alongamento de glúteos e piriforme deitado
Apoie o pé da perna a ser alongada cruzado sobre o joelho da perna oposta, que deve estar flexionada. Com as mãos, puxe a perna de apoio em direção ao peito.
Alongamento de glúteos e piriforme sentado
Sentado, mantenha a perna a ser alongada cruzada sobre a perna oposta, que deve permanecer esticada no chão. Com o braço do mesmo lado da perna esticada, abrace o joelho da perna a ser alongada e puxe-o em direção ao peito. Para maior ênfase no alongamento, rotacione o tronco em direção ao joelho, sem diminuir a proximidade do joelho com o tronco.
Fortalecimento
Exercício com elástico
(mini band)
Posicione o elástico um pouco abaixo dos joelhos e deixe as pernas fechadas, porém mantendo o elástico levemente tensionado. Enquanto mantém uma perna fixa, movimente a outra, afastando e retornando à posição inicial de maneira controlada. Realize três séries de 15 repetições com cada perna, com descanso de 30 segundos entre as repetições.
Ponte
Deite-se de costas, mantendo as pernas dobradas com os pés apoiados no chão. Eleve o quadril até estabelecer uma linha reta entre os joelhos e o tronco. Depois estique uma das pernas no ar enquanto mantém a posição somente com o apoio da perna oposta, sem deixar o quadril abaixar. Segure a posição por 30 segundos (ou pelo tempo que for confortável) e em seguida repita com a outra perna. Realize três repetições com cada perna, com descanso de 30 segundos entre as repetições.
(Matéria publicada na revista VO2 #109, em Maio/ Junho de 2015)
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