Muito se fala dos benefícios da bicicleta ao meio ambiente. Bicicletas são tidas como veículos não poluentes, comparados a outros meios de transporte. Mas o que dizer do impacto ambiental causado pela produção e descarte de componentes em fibra de carbono?
Material preferido por nove entre dez ciclistas, a fibra de carbono pode causar sérios impactos ao meio ambiente, justamente devido à uma de suas mais proclamadas virtudes: a durabilidade.
Por tratar-se de um composto de diferentes materiais (manta de fibra, resina etc.), a fibra de carbono não possui as mesmas características de reciclabilidade do aço e do alumínio, dois outros materiais utilizados na fabricação de componentes para bicicletas.
Além disso, não é biodegradável nem fotodegradável. Resumindo: aquele quadro que você jogou fora porque quebrou, ironicamente poderá durar para sempre em algum aterro sanitário, sem nenhuma reutilização.
Com a crescente preocupação da indústria com a questão ambiental, decorrente da pressão dos consumidores, alguns fabricantes de bicicletas passaram a investir em programas e pesquisas sobre reciclagem do carbono. O maior problema, entretanto, é que simplesmente não é nada fácil reciclar a fibra de carbono.
Para reciclar quadros e componentes de bicicletas em fibra de carbono, é necessário triturá-los em pedaços pequenos e promover a separação dos diferentes materiais. O material resultante pode ser utilizado na fabricação de carcaças para selins ou suportes para garrafas, mas não na construção de quadros de bicicletas, pois não possuem a mesma resistência do composto novo.
Gases tóxicos
Além da questão ambiental, outro grave problema na fabricação de componentes em fibra de carbono referem-se aos gases resultantes de sua cura e oxidação em fornos industriais.Esses gases contém, entre outros compostos, cianeto de hidrogênio (HCN) e amônia (NH3), extremamente nocivos à saúde humana, mesmo em pequenas quantidades. Além disso, liberam monóxido de carbono (CO), óxidos de nitrogênio (NOx) e outras substâncias orgânicas voláteis, capazes de bloquear a recepção do oxigênio pelo sangue, podendo matar a pessoa exposta por sufocamento.
A solução da indústria – Pensando nisto, dois grandes fabricantes de bicicletas que utilizam largamente a fibra de carbono investiram maciçamente em pesquisas sobre a reutilização do material.
A Specialized está transformando quadros de bicicletas danificados que iriam parar em aterros sanitários em produtos reutilizáveis. Desde o ano passado, a empresa californiana firmou parceria com algumas lojas de ciclismo dos Estados Unidos, retirando quadros danificados de carbono para transportá-los a um centro de reciclagem. O programa será ampliado para as operações da UE (União Européia) assim que recursos apropriados forem identificados.
O processo de reciclagem da fibra de carbono consiste em cortar o quadro em pedaços menores, e então queimar o epóxi que une as fibras em um ambiente livre de oxigênio. Isso resulta em fibras menores com as mesmas propriedades do material original que pode ser usado de várias formas.
“A Specialized está empenhada em lidar com todo o processo sofrido pelas bicicletas ao final de suas vidas úteis, pois é a coisa certa a se fazer. Mas esse programa não tem como objetivo ser exclusivo da marca,” disse Bryant Bainbridge, Estrategista de Sustentabilidade da Specialized.
“Provavelmente será impossível construir uma bicicleta com o material reciclado, mas pode-se fazer uma variedade de produtos com as fibras menores. Por exemplo, a Boeing recicla seus estabilizadores transformando-os em apoios de braço. Além de cessar o depósito do material em aterros sanitários, você está recuperando carbono com um gasto menor de energia, comparado ao utilizado para construir produtos a partir do material virgem”, completa.
No Brasil ainda não há previsão para colheita do material, mas a empresa já estuda sua viabilidade juntamente com o apoio de parceiros.
Além da Specialized, a Trek instituiu um programa de reciclagem em grande escala em sua fábrica em Waterloo, Wisconsin (EUA), onde são reaproveitados todas as sobras e materiais descartados.
A Trek firmou uma parceria com a Materials Innovation Technologies, uma empresa da Carolina do Sul especializada na reciclagem do carbono, que processa o material descartado e o transforma em termoplástico reforçado, utilizado na indústria automotiva, aeroespacial e recreacional.
“Estamos trabalhando para tornar o processo da fabricação de componentes em carbono o mais ambientalmente correto possível”, diz o engenheiro-chefe da produção de quadros em fibra de carbono, James Colegrove.
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