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Evandro Portela pedala a 160 km/h e busca recorde mundial acima de 200 km/h

  • 24/01/2017

O ciclista paranaense Evandro Portela ficou conhecido no mundo todo quando um vídeo em que pedalava no vácuo de uma carreta numa rodovia a 1245km/h e sem capacete viralizou. Portela foi chamado de louco por muitos, mas também ganhou respeito e admiração.


Por: Bikemagazine

O ciclista paranaense Evandro Portela ficou conhecido no mundo todo quando um vídeo em que pedalava no vácuo de uma carreta numa rodovia a 1245km/h e sem capacete viralizou. Portela foi chamado de louco por muitos, mas também ganhou respeito e admiração. Mais que loucura, Portela, ex-ciclista profissional de 40 anos e com experiência na Europa, quer entrar no Guinness, o Livro dos Recordes, como o ciclista mais rápido do mundo. O alvará já foi dado pelo Guinness e a homologação oficial do recorde de velocidade urbana  em bicicleta deve ser feita ainda este ano, no segundo semestre.

“Estou trabalhando intensamente há três anos neste projeto. É um trabalho sério, feito com muito estudo. Tenho preparação física, experiência de 20 anos como profissional e conto com uma equipe bem entrosada de 15 pessoas que me ajudam. É um sonho meu, sempre gostei de velocidade e estou dedicado a este objetivo. Faz cinco anos que tenho pesquisado sobre este recorde”, 

Na rotina de treinamentos, o ciclista enfrenta o trânsito pesado nas rodovias federais que cortam Curitiba e se diverte pegando o vácuo de ônibus, caminhões e carretas. Alguns vídeos já alcançaram 7 milhões de visualizações no Youtube. “Vendi 50% dos royalties destes vídeos”, conta. Portela já pedalou no vácuo a velocidades de 150km/h e até 160km/h. “O vídeo de 160km/h ainda não publiquei”, afirma. Os vídeos vêm claramente com um alerta escrito em português e inglês em letras grandes e vermelhas:  Perigo extremo. Não recomendamos esta prática em nenhuma circunstância. O aviso está dado.

“Não tenho medo de morrer, tenho domínio acima de tudo”, afirma Portela.

Currículo de destaque

Como profisssional, Portela tem um currículo vitorioso. Integrou a lendária equipe da Caloi dos anos 90 e pedalou ao lado de grandes nomes do ciclismo como Cássio Paiva, Murilo Fischer, Luciano Pagliarini, Márcio May, Hernandes Quadri Júnior, Daniel Rogelin e muitos outros. Pedalou também na Specialized-Santo André, na Suzano, até encerrar a carreira como profissional na Dataro-Blumenau.

Coleciona títulos e grandes atuações em provas importantes no Brasil e na Europa e durante 10 anos foi top 5 no ranking nacional. Portela ganhou várias etapas da Volta de Santa Catarina na subida da Serra do Rio do Rastro, foi campeão da Volta do Litoral Paranaense em 2002, disputou (e terminou) duas edições da Volta a Espanha, venceu uma etapa da Volta a Granada, na Espanha, foi campeão de montanha da Volta a Madri e ganhou três etapas das seis do Tour do Leste da França, em 1997.

Toda esta experiência foi colocada em prática na busca pelo recorde inédito. “Fiz vários testes com várias bicicletas e a Trek Madone 4.3 foi a única que me ofereceu estabilidade e velocidade necessária”, conta. A bike, com distância entreixos de 115cm, tem freios a disco, pneus Continental para alta performance e câmbio traseiro normal, com cassete menor de 10 dentes. Mas o que chama a atenção é a imensa coroa de aço de 100 dentes e 3 quilos. A bike completa pesa quase 19 quilos, característica muito útil em velocidades elevadas, pois um efeito da física faz com que os objetos se tornem mais leves.

“Eu e a bike pesamos juntos 96kg (19kg da bike + 78kg do atleta). A 200km/h este peso equivale a 50 quilos rolando na pista e a 180km/h equivale a 63-64kg. É sinistro, quase levanta voo, né?”. A relação 100 x 10 dentes gera um incrível andamento de 21 metros, ou seja, a cada volta do pedivela, a bike percorre 21 metros. Num teste no cavalete, a bike alcançou 217km/h com uma cadência de 96rpm. Haja pernas.

Estudos também foram aplicados ao carro que vai ser usado na homologação do recorde. É um Subaru WRX de 400 cavalos com uma carenagem de policarbonato na traseira que mede 2×2 metros e com um roldana, útil nos eventuais toques da roda dianteira da bike na traseira do carro. “Foi projetado por um engenheiro e ficou muito boa. Fizemos testes a 200km/h com ela e simulamos com a roda e o garfo engatado, para ter certeza que os pneus da bike aguentam e que o carro não saia de dianteira. Deu tudo certo nos testes”, relata.

Os treinos são feito na BR-277, no trecho para Ponta Grossa ou sentido litoral. Nos treinos são usados Garmin e dois CatEye, além do velocímetro do carro. No dia do evento haverá um equipamento via satélite que vai ser colocado na pista, como se fosse um Photophinish.

O trecho escolhido para a quebra do recorde fica na BR-277, entre Campo Largo e Curitiba. Portela vai pedalar até atingir 50km/h e então vai entrar no vácuo do Subaru e embalar por 10km. A tomada final vai ser nos últimos 2,5km – sendo os últimos 500km num falso plano onde Portela vai atingir a velocidade máxima. A marca será aferida pelo pessoal do Guinness. A estrada estará fechada ao trânsito e com a aprovação da Polícia Rodoviária Federal. “Vai ser um grande evento, muito bem realizado e com toda segurança. Haverá dois helicópteros para imagens aéreas”, diz.

História
O desejo de ser reconhecido como o ciclista mais rápido da terra é antigo. O método mais usado na busca pelo recorde de velocidade é o chamado “motorpaced”, em que o ciclista é rebocado até alta velocidade e então pedala para buscar a velocidade máxima. De 1907 até 2016, 10 pessoas tentaram este recorde e todos usaram o método. Outros usaram bikes com modificações extremas, como duas coroas e outras engenhocas. “Eu sou o único a usar uma bike normal e a pedalar a partir do zero, com 100% de minha força”.

John Howard é um ciclista olímpico norte-americano e marcou 245km/h com uma mountain bike modificada num deserto de sal, em Utah, em 1985. Em 1995, o holandês Fred Rompelberg marcou 268km também no salar de Utah ao pedalar atrás de um dragster com uma mountain bike modificada e atualmente é o homem mais rápido no motorpaced.

Em 2016, o britânico Guy Martin pedalou uma mountain bike com um sistema de transmissão com duas coroas e rebocado atrás de um caminhão Volvo numa longa praia na Grã-Bretanha e marcou 177km/h. Também em 2016, a norte-americana Denise Muller usou uma mountain bike modificada com um sistema de transmissão de duas coroas no deserto de sal. “Ela andou praticamente todo o tempo rebocada e pedalou apenas alguns segundos depois de ser solta a 200km/h até marcar 232km/h”, explica Portela.

O francês José Meiffret marcou 204,778km/h em 1962
No passado, os franceses também fizeram históricas tentativas de marcar um novo recorde. Em 1962, o francês José Meiffret marcou a incrível velocidade de 204,778km/h numa autopista próximo a Freiburg, na Alemanha, ao pedalar no vácuo de uma Mercedes-Benz 300SL. A bike foi especialmente construída para o evento e tinha aros de madeira, uma coroa de 130 dentes e pesava 20kg. Meiffret usou o método “Motorpaced” e no vídeo é possível ver o ciclista agarrado com as mãos na traseira do carro até atingir alta velocidade.

Em 1979, o francês nascido na Alemanha Jean Claude Rude usou um Porsche para tentar quebrar o recorde de José Meiffret. Rude queria chegar a 240km/h e para isto contou com a ajuda da Porsche que preparou um modelo 935 Turbo com 800 cavalos e uma imensa carenagem na traseira. A tentativa foi na pista de testes da Volkswagen, na matriz da empresa em Wolfsburg. Mas, na hora H, o pneu da bike estourou. Felizmente Rude não caiu e saiu ileso, mas o recorde de Meiffret permaneceu intacto. No ano seguinte, durante um treinamento, Rude acabou sendo sugado por um trem de alta velocidade e morreu.

Como não existe ainda um recorde urbano homologado, bastaria Portela chegar até os 115km/h para ter um recorde confortável. No dia 18 de junho de 2016, em Brasília, a dupla formada por Weimar Pettengill e Adauto Belli (deficiente visual), usou uma bicicleta tandem (dois lugares) com relação 61 x 11 para a tentativa de marcar 140km/h e estabelecer um recorde urbano. Com a ajuda do vácuo de um carro chegaram a 105km/h, mas o feito não foi homologado pelo Guinness. “Pedaladas de 104 e 105km/h eu faço praticamente todo dia na rodovia. Quero estabelecer um recorde com bastante folga, perto dos 200km/h.

Capacete de snowboard que será usado por Portela
Vale ressaltar que Portela usa uma bike normal, ao contrário de outros que construíram bikes especiais para a busca do recorde. No dia do evento vai usar um capacete de snowboard, aerodinâmico e fechado. “Treino quase todos os dias e preciso ter o domínio da bicicleta. Às vezes treino de capacete, mas particularmente uso boné como os ciclistas de antigamente”, diverte-se.

Custo
Entrar no Guinness custa caro e o patrocínio é fundamental. A homologação do Livro dos Recordes custa 800 dólares e segue um protocolo rígido. “Primeiro, eles analisam você, sua história, sua carreira. Seu histórico é julgado por uma comissão deles. Meu perfil foi aprovado”, conta. Depois de aprovado, a comissão envia um alvará, que deve chegar ainda este mês. Outra despesa importante é o custeio da viagem do pessoal do Guinness para homologar o recorde. “Acredito que vai mais uns 4 mil dólares para a homologação”, prevê.

Portela afirma ter investido cerca de R$ 120 mil até agora e ainda será necessário outros R$ 50 mil para a homologação do recorde. “Tenho patrocinadores, mas preciso de mais patrocínio. Acabo gastando dinheiro do bolso também. Com a crise no Brasil nestes dois últimos anos, a coisa ficou complicada, mas agora que veio o alvará isto deve mudar. Para quem quer marketing para sua marca isto será um prato cheio, que é diferente de uma corrida de bike que fica uma semana, estas imagens vão rodar anos, até que o tempo seja batido novamente”, explica.

“A Bike Tech, por exemplo, me fornece a bicicleta Trek. A CS Filmes e a Saga fazem os vídeos. Já a Avalon Táxi Aéreo vai enviar dois helicópteros para as tomadas aéreas. As rádios FM Transamérica FM de Curitiba e de São Paulo também vão ajudar, pois vou dar uma entrevista em rede nacional muito breve”, conta.

“Eu digo que é praticamente impossível alguém bater meu recorde, pois é algo extremo, que exige treinamento, coragem, estar espiritualmente bem preparado e com tudo fruindo bem a sua volta. Muitos recordistas preparam o equipamento, mas esquecem de fazer uma preparação física. Vão fora de forma para fazer isto aí.. aí é complicado, né?”.

 

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