Crianças nasceram prematuras, com seis e cinco meses de gestação. Sem poderem andar, os pais procuraram uma forma de diversão em família.
Por g1.globo.com
O amor é capaz de superar limites e esse é o exemplo mostrado por um casal de Castelo, no Sul do Espírito Santo. Com dois filhos diagnosticados com paralisia cerebral, os pais decidiram buscar alternativas para as dificuldades físicas que as crianças enfrentam por conta dessa condição. Como os filhos não andam, o pai Alexandre Stoffel usou a criatividade e adaptou uma bicicleta para poder passear com toda a família, rotina adotada há cerca de um ano.
A história de Alexandre e da esposa Alcione Destéfan começou há 17 anos. Uma década depois, eles receberam a notícia de que estavam grávidos do primeiro filho, que recebeu o nome de Arthur. A alegria sentida pelos dois deu lugar a preocupação quando Alcione entrou em trabalho de parte antes do tempo esperado, no sexto mês de gestação.
A mãe contou que esses primeiros momentos foram de dificuldades. "Ele foi direto para a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, nasceu abaixo do peso, com 1,250 kg e ficou lá, internadinho, durante três meses e meio. E cada dia era uma luta, uma surpresa diferente. Às vezes estava bem, às vezes não, uma visita rápida de dez minutinhos", relembrou.
Foi nesse período que a família recebeu a informação de que o bebê tinha paralisia cerebral, um distúrbio que acontece durante o desenvolvimento do cérebro. "Ele nasceu com prematuridade extrema, então ele teve muita complicação na Utin. E lá mesmo as médicas passaram pra gente", disse Alcione.
Um ano depois, a notícia de uma nova gravidez trouxe um misto de alegria e medo. E mais uma vez a gestação enfrentou dificuldades. O segundo filho, Anthony, nasceu com pouco mais de cinco meses, também com paralisia. "Eu me lembro que quando eu estava no consultório da doutora, ela me falou 'não tem jeito, vai nascer'. Os pontos já tinha rompido e passou um filme na minha cabeça, que ia ser tudo igual de novo. Fui para o mesmo hospital, vi as mesma enfermeiras, as mesmas médicas, e elas disseram 'você aqui de novo?'. Aí foi mais uma luta com ele. E ele foi um pouquinho mais, foram cinco meses de hospital", contou.
O amor que envolve pais e filhos foi capaz de superar as primeiras barreiras enfrentadas. Cinco anos depois, a rotina na casa onde vivem é de dedicação e aprendizado a cada dia. "Uma experiência muito nova, é difícil. Não é que a gente não aceite, mas é difícil. Mas a gente acaba amando muito mais. A gente foi se adaptando com jeito a tudo deles e hoje são duas bênçãos em nossas vidas. Eu não saberia viver um minuto sequer sem ser mãe deles e cuidando, que a cada dia é uma luta mesmo, mas também é uma vitória. Lá no início, cada coisinha que eles faziam era uma alegria para gente. Um gesto com a mão, um sorriso, um balbuciar, uma batida da mão na piscininha, cada gesta pra gente era uma grande vitória, e ainda é", declarou a mãe.
Cada um desses momentos, Alcione compartilhou com o marido. "Chamo eles de apelido, eu chamo o mais novinho de salário mínimo e o maior de inflação, brinco com eles. Sempre ficam olhando para a gente, esperando pelo que vamos fazer com eles naquele dia. E é todo o dia assim", relatou o pai, Alexandre.
Bicicleta improvisada
Nos momentos de lazer, os pais contam que as dificuldades eram grandes. Como os filhos não andam e não falam, os pais utilizaram a criatividade e o amor para buscar uma solução. "Eu saía com a cadeira de rodas e andava a cidade inteira, e o outro, a gente não colocava na cadeira de roda, colocava no colo ia até na esquina e voltava. Eu tinha que andar com os dois. Aí eu pensei em comprar uma bicicleta de carga, mas pensei que não ia dar certo porque eu ia pedalar e os dois iriam querer pedalar, mas não iriam se satisfazer. Então pensei que tinha que comprar uma bicicleta que eu pudesse ficar tranquilo, a vontade e pedalando com eles, duas, três horas. Foi aí que surgiu a ideia de comprar essa bicicleta. Eu adaptei para os dois caberem", explicou Alexandre.
A partir de então, os pais instalaram mais duas cadeiras frontais no meio de trasporte, totalizando quatro assentos, além de colocarem cintos de segurança para as crianças. Cada um dos passeios às vezes dura até três horas, e tem como cenário as ruas da cidade. Como estão crescendo, Alexandre já pensa em fazer novas adaptações.
"Como já estão grandes, não estão cabendo mais. Eu vou ter que mexer nela de novo para ficar tranquilo para eles", explica o pai. Mesmo depois de um dia de trabalho, eles encontram na alegria dos filhos o combustível que motiva cada uma das peladas. "A gente faz para eles, para fazer eles felizes. Eu estou cansado, mas eu vou dar mais e mais voltas para vê-los felizes. O que vale é a felicidade dos dois", concluiu Alexandre.
* Com colaboração de Aline Souza, da TV Gazeta Sul
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