A temperatura estava aumentando e a viagem continuava. Passando agora por Porciúncula no estado do Rio de Janeiro, a última cidade fluminense que faz divisa com Minas Gerias.
A rotina do cicloturista consiste em treinos, uma boa alimentação, ajustes na bike, bom sono e um outro ingrediente: a curiosidade. Sou assim: pesquiso mapas, pergunto a conhecidos sobre rotas, durante as viagens faço observação referente as entradas.
Moro no município de Carangola-MG, que fica pertinho dos estados do Rio de Janeiro e Espirito Santo. Com isso, surgiu a vontade de fazer este percurso em um dia. Pouco mais de 160 quilômetros passando por várias cidades. Vou contar um pouco para vocês desta aventura.
Como sempre faço nas viagens mais longas, me alimentei bem e dormi cedo. As três da manhã estava de pé para preparar os materiais, tomar o café e começar a longa pedalada. Um pouco antes das quatro da manhã já estava travando a sapatilha no pedal, na pressa, ficou para trás o tradicional alongamento. O primeiro desafio era a “Serra de Espera Feliz”, mas de madrugada ela fica mais desafiante. Ao longo do tempo eu aprendi que quanto mais cedo sair, pegarei o sol mais fraco na volta e isso faz grande diferença. Quase vencendo a serra escutei um barulho esquisito, achei que havia perdido a minha valente suspensão. Conformado com o suposto prejuízo, continuei o meu objetivo.
Depois da cidade de Espera Feliz, é Dores do Rio Preto no Espírito Santo, assim Minas Gerais ficou para trás, uns 35 quilômetros percorridos até então. A temperatura estava em 16 graus e estava bem fresco para pedalar.
Próxima cidade era Guaçuí, ainda no estado capixaba, mas não precisei entrar lá, apenas passei pelo trevo virando à direita rumo à Varre-Sai no que fica no estado do Rio de Janeiro. Mas o que aconteceu com a bike na serra de Espera Feliz? Vou responder: não era a suspensão com havia pensado, mas um raio dianteiro que arrebentou e com isso a roda dianteira empenou e continuei a viagem um pouco preocupado com aquela inusitada situação.
Com temperatura amena fui seguindo viagem, pois do trevo de Guaçuí a Varre-Sai perfaz uma distância de mais ou menos 30 quilômetros. Varre-Sai é uma cidade que é ligada muito a agricultura, destacando-se no café. Lá parei para tomar o meu tradicional café com o pão, ou melhor, os pães com manteiga, para seguir viagem.
Chegou a parte mais fácil do percurso, pois até Natividade-RJ são só descidas, ou seja, uns 21 quilômetros de “descanso”. Esta parte é a mais baixa do percurso em relação ao nível do mar, que em Espera Feliz é de 910 metros, e assim, durante o percurso, foi baixando até chegar aos 114 metros.
A temperatura estava aumentando e a viagem continuava. Passando agora por Porciúncula no estado do Rio de Janeiro, a última cidade fluminense que faz divisa com Minas Gerias. Lá encontrei com um casal de Miracema que fica no Estado do Rio de Janeiro e que estava com um desafio semelhante ao meu, porém era eu que estava mais próximo de casa.
Seguindo minha rota e com muito calor, meu ciclocomputador marcou 41 graus. Do trevo de Tombos-MG a minha casa dava uns 25 quilômetros, feitos com dificuldade, por conta da temperatura. Na parte de cima citei a questão de sair cedo, mas esta parte da região que fiz o calor é mais intenso, com o tempo vamos aprendendo estas questões para ficamos atentos a imprevistos que podem prejudicar a saúde. Por isso temos que tomar certos cuidados quanto à alimentação, hidratação e treinamento.
O cicloturista não tem o mesmo estilo de um atleta de ciclismo de estrada ou MTB, pois tem objetivos diferentes. E a nossa região por ter muitas subidas, o desgaste é maior e exige um pouco mais. Mas é muito curioso percorrer três estados em um dia de bike e conhecer tantos lugares bonitos, e, claro, aprender muito; a cada viagem é uma nova lição.
Por: Luciano Pavesi Martins - Site: Bike é legal
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