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Lagamar - SP/PR

  • 06/07/2017

Pedale à beira-mar e atravesse muitas ilhas, passando por comunidades sem ruas e carros. O percurso dura aproximadamente 6 dias, com 300 km de extensão. Uma boa pedida para quem deseja um destino tranquilo e encantador.


Por: Blog Malucos por Aventura

Na lista dos paraísos ecológicos brasileiros, não faltam unanimidades como a Floresta Amazônica, o Pantanal, o Arquipélago de Fernando de Noronha ou a Mata da Juréia, em São Paulo. Dificilmente, porém, alguém se lembraria de incluir nesta listagem uma faixa costeira de 300 quilômetros, entre os municípios de Iguape, em São Paulo, e Paranaguá, no Paraná, conhecida pelo estranho nome de Lagamar.

Circuito muito usado dos aficcionados por bike, este roteiro inclui belos visuais entre a costa Paulista e Paranaense. Faz parte do complexo Estuarino-lagunar integrado por Iguape, Ilha Comprida, Cananéia, Guaraqueçaba e Paranaguá, e é considerado um dos últimos remanescentes de Mata Atlântica intocada na costa brasileira e um dos maiores berçários de vida marinha do planeta.

 

1º Dia - Ilha Comprida a Ilha de Cananéia/SP
Depois de atravessar a ponte que divide Iguape da Ilha Comprida, inicia-se o trajeto de 60 km até Cananéia/SP. Uma imensidão de areia a perder de vista, com praias totalmente desertas nesta época do ano, completada por uma neblina baixa, faria o percurso parecer monótono não fosse o som das ondas e dos pássaros que acompanhavam o percurso. As praias são bem largas e não há sombra visível a muitos quilômetros, o que fez os primeiros 35 km bem desgastantes apesar do entusiasmo inicial. A partir do povoado de Pedrinhas o sol se despediu e bateu um vento contra fortíssimo, o que tornou a pedalada bem pesada.
Esse trecho é muito interessante para colocar os pensamentos em dia, o contato com a natureza é forte e totalmente crú, recebendo toda a sua energia direta e indireta através do sol, chuva, vento, brisa, maresia, areia, maré...
A sensação de isolamento somente é quebrada por alguns carros que cruzam seu caminho com saudações solidárias.
Quase no final da Ilha, num povoado visível, há uma estrada não sinalizada que liga a balsa. Esta estrada é de areia pura e bem fofa o que tornou os últimos 3 km num empurra e pedala intercalados.
A Balsa que liga a Cananéia é constante e se tem acesso até as 22hs.

 

2º Dia - Cananéia/SP a Superagui/PR (passando pela Ilha do Cardoso)
No início da manhã conheci a cidade de Cananéia. Bem agradável com um ar de cidade imperial. Seus casarões antigos restaurados e sua beira mar bem arborizada e cuidada, é um convite a uma leitura matinal.
Cananéia é a primeira cidade fundada no Brasil e é tombada pela UNESCO como Patrimônio Natural da Humanidade e apontada pela revista americana “Condé Nast Traveler” como o melhor roteiro ecológico do mundo. Fonte (www.cananeia.sp.gov.br)
Exagero? Visite e tire suas próprias conclusões.

Pra chegar a Ilha do Cardoso, há uma balsa que faz o percurso em 3 hs até Marujá e continua pelo canal até Paranaguá. Porém ela atua em dias intercalados e não funciona nos finais de semana. Portanto a dica é conversar com os barqueiros e combinar com outros interessados em conhecer a ilha e dividir uma voadeira.
O valor sai por R$ 40,00 por pessoa (barco para 5 pessoas) e leva em torno de 1 hora.
A dica é ligar para tentar agendar o horário e dia que você irá conhecer. Só o passeio já vale a pena, pois pode se avistar botos e a paisagem é linda.
Bom, eu usei o serviço do IKA que foi bem prestativo, quem se interessar segue o número (13-8115-0186).

Comecei a pedalar na vila do Marujá, no centro da Ilha, já que a primeira parte é muito acidentada e não é possível pedalar. Mas recomendo aos que forem a pé, parar de barco no núcleo Perequê e ir caminhando pela orla, pois tem praias e trilhas lindas pelo caminho.
A Ilha do Cardoso integra em seu território uma área de preservação - Parque Estadual Ilha do Cardoso -, criado no ano de 1962, e abrange uma área de 15.100 ha., onde são encontrados todos os tipos de vegetação da Mata Atlântica costeira, que proporcionam uma variedade extraordinária de ambientes e uma alta diversidade biológica.
fonte: (www.cananeia.net)

Este trecho da ilha é bem estreito e você consegue visualizar a praia num lado e o canal no outro. A dica é fazer o caminho pedalando sempre pela maré baixa, que é quando a areia próximo a água é mais compactada e convidativa ao pedal. Com a maré alta é bem complicado se manter em pé sobre a areia fofa, sem contar o esforço dobrado.
Neste trecho vi bastante filhotes de pinguins e tartarugas gigantes mortos pelo caminho.
São aproximadamente 20 km de Marujá até o Pontal Leste, final da ilha e conseqüentemente fim do estado de São Paulo. A idéia era parar por aqui e seguir no dia seguinte, porém não há nada de infra-estrutura neste trecho, então combinei com um pescador local que vive a base de energia solar para me atravessar o canal e seguir viagem pelo Paraná a partir de agora.
OBS: Interessante que a maré está fechando aos poucos o canal entre os estados e abrindo outro um pouco antes da vila, ou seja, os últimos moradores de SP devem virar Paranaenses em breve se tudo continuar como o previsto.

Com uma fome gigante e pedalando a base de barras de cereais, segui com a maré baixa, conseguindo agora um ritmo ágil e alcancei a vila de Superagui/PR pós outros 28 km, somando agora 108 km de viagem nos 2 primeiros dias. A vila tem várias pousadas e restaurantes simples e tem por volta de 700 habitantes.
Superagüi é uma ilha artificial. Com a abertura do Canal do Varadouro em 1953(a pedido do Governo para agilizar a entrada no canal de Paranaguá) a até então península ficou separada do continente. É conhecida por abrigar o Parque Nacional de Superagüi, declarado Reserva da Biosfera em 1991 e Patrimônio da Humanidade em 1999, pela UNESCO.
Fonte: (www.superagui.net)

 

3º Dia - Superagui a Ilha do Mel (passando pela Ilha das Peças)
A travessia foi bem rápida e fácil de se arrumar. Quero deixar registrado que todos os pescadores de todas as ilhas que passei são todos muito prestativos e estão sempre dispostos a te ajudar. Claro, além da pesca eles também vivem dos poucos turistas que trajetam pelo local. Então sempre há uma cobrança por este serviço de travessia que ficam por volta dos R$ 20,00. Nada mais justo, já que tem o custo de combustível e também o tempo que eles deixam seus afazeres de lado para prestar este serviço.
Depois de 12 km chego a vila da A Ilha das Peças, que na minha opinião é a mais interessante para se pedalar, pois o caminho é cheio de curvas e surpresas, ao contrário das demais que tem praias longas em linha reta. Sem contar que você vai também ao longo das praias avistando a Ilha Bela ao fundo.

Sem perder tempo, consigo um pescador que me deixa na Ilha do Mel próximo a base da Marinha. Há uma torre de observação na praia que se avista de longe. No caminho avisto vários botos que tento inutilmente fotografar.
Continuo pela orla e logo chego a praia da Fortaleza(uns 3 km). Com um dia lindo aproveito para me hospedar e aproveitar além do sol, a culinária e a cevada da região. Conheço as praias, subo o morro da Baleia (sobre a Fortaleza), tudo muito light.

 

4º Dia - Passeando pela Ilha do Mel/PR
Agora era tudo mais tranqüilo, somente passear pelas praias e atravessar até Pontal do Sul.
Uns 7 km de belas praias pelo caminho e fecho com um por do sol fantástico na praia do farol.

Lembram do título quando cito 3 amigos? Bom, a pedalada foi solitária, porém ficou mais simples com o apoio psicológico e logístico dos amigos acima que me deixaram em Iguape e me resgataram em Paranaguá.
As empresas de ônibus não garantem o transporte das bikes no bagageiro, então verifique antes de se aventurar.

 

DICAS
1 - Tente fazer com mais calma esperando a maré baixar e aproveitando as praias. Assim a pedalada vai ser mais fácil e com menos cansaço. Porém, lembre-se que pós Marujá(Ilha do Cardoso) até o final do Superagui não há nada de infra-estrutura. Ou seja, ou você pedala os 48 km ou leva barraca e alimentação. Levei apenas uma barraca de emergência, (o nome já diz, somente para emergência, pesa uns 0,160kg e é meio descartável) porém, não usei, uma que estava com gás sobrando e outra que em Superagui (uma reserva ambiental) não pode acampar.
Não tendo outra opção, não faça fogo.
2 - Tente fazer o passeio fora da temporada para aproveitar mais a natureza sem aquela gritaria dos turistas. Porém, tenha em mente que quase tudo fica fechado. Programe-se.
3 - Filtro solar, boné e óculos de sol são muito importantes.
4 - E óbvio, uma revisão na bike antes da viagem é essencial.
5 - Fazer o caminho inverso vindo de Curitiba descendo a Serra da Graciosa também é uma bela dica....

 

 

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